sexta-feira, outubro 31, 2008

A estatização dos bancos e o fim do capitalismo como conhecemos

Na verdade o termo certo seria "as we know it!" ao invés de "como conhecemos", mas tudo bem. O que eu quero dizer e apontar é a mudança drástica que se desenha no céu encoberto pelos arranha-céus do mundo capitalista. Muito longe de quere voltar ao comunismo ou socialismo. Também muito longe de achar que as políticas neoliberais melhoraram a nossa sociedade e nossa economia.

Está provado definitivamente que o "plano" deu errado. A teoria dizia que se deixássemos o mundo livre, sem regras claras e nem procedimentos, automaticamente seria encontrado um patamar estabilizador para a sociedade. Nessa plataforma, todos poderiam expressar sua criatividade livremente. O objetivo era claro: o lucro. A qualquer preço e utilizando qualquer meio. Toda nossa sociedade sucumbiu a essa grande vontade e objetivo de levar vantagem sobre o outro. É um grande jogo no qual vivemos, onde os mais "espertos", os que têm mais influência, os que controlam, rapidamente conseguem facilitar os métodos para aumentar seus lucros.

Agora vem a crise. Logo, algo não está funcionando. Pior, os paradigmas estão fundados sobre areia, que pode demorar a colapsar, mas uma hora cede. Mais uma vez quem está no controle tenta de todas as maneiras criar uma calma ilusória, com o claro objetivo de continuar no poder. Sem esse controle, essas amarras, é impossível obter lucro. E todo aquele papo de "vamos pensar nos outros", ou "se eu faço isso a você, logo faço a mim também"? São apenas pensamentos dissonantes no meio de toda essa confusão. A humanidade, em sua grande maioria, não pensa assim, e logicamente não está preparada para lidar com isso. Então, até que haja um grande salto de consciência, é cada um por si em busca do maior lucro possível.

O que chama a atenção é a total falta de atenção do povo. Os bancos centrais estão tomando conta do mercado financeiro, praticamente estatizando os bancos em nome de controlar a crise, e claro, controlar o povo. Quem está por trás de tudo isso sabe que o controle que o banco exerce sobre toda a nossa sociedade, mesmo que a título de capitalismo, é muito superior do que o controle do governo. O objetivo do governo é facilitar o desenvolvimento do capitalismo. Entretanto, esse capitalismo canibal agora está comendo seu próprio corpo. Quem poderia imaginar governos injetando trilhões de dólares nos bancos? Comprando participação e ações podres, somente como desculpa aceitável para continuar a moral capitalista, que abomina intervenções governamentais no livre-comércio. Mas parece que ninguém percebeu, e o sorriso amarelo dos operadores das bolsas que sobem 10% num dia e caem 15% no outro, não nega o cataclismo que vivemos.

Perguntam-me onde deixar o dinheiro. Mas que preocupação descabida!!! O que adianta guardar todo seu dinheiro no colchão se ele não valer nada? Até nosso presidente Lula fez uma afirmação lúcida ao dizer que o problema é que brincaram de comprar e vender papel, investimento é produzir algo palpável. Hoje, as empresas criam bens, como arroz, computadores, casa, carros, etc. para ganharem dinheiro na bolsa. A utilização do bem é um produto secundário na busca pelo lucro. O grande sonho, até bem pouco tempo atrás era o IPO (o lançamento das ações na bolsa). Ainda assim essa inversão de valores fez com que o papel-moeda perdesse valor e sua característica. Hoje os números mandam. Um simples extrato da sua conta, dos seus investimentos, do seu holerite, indica quantos "créditos" são de sua posse. E esses créditos são apenas números, mais nada. O que parece é que o governo vai logo mais ter que tomar conta desses créditos. E se as coisas caminharem assim, logo mais o governo vai escolher como você deve gastar os seus créditos, ou ainda se tem realmente direito a eles. Será então o fim do capitalismo como conhecemos.