sexta-feira, janeiro 14, 2011

Nuvens claras

Nao sei se me lembro de alguma coisa sumir que eu queria, que me motivava.
Um passado distante formado por nuvens claras e fofinhas, mas tão longe, tão altas, tão altas.

O dedo vai lentamente atras de uma palavra que precisa ser digitada. Nao há coisa na vida que nao venha diretamente da eternidade.

Por isso uma simples missão com um cão de estimação de alguém eh suficiente. Mesmo que hajam ruídos e latidos, nada me fará desconcentrar. Talvez o excesso de concentração, por mais estranho que pareça, esteja me fazendo esquecer.

Dedicado à Luiza.

terça-feira, novembro 30, 2010

O Chão das Nuvens


Quando te vi no chão
Deitada, caída por alguém
Que tinha roubado seu coração
Dilacerada e aos prantos, triste portanto

Me lembrei de nós
Coisa que bateu somente em mim
Que quebrou minha proteção de vez
Chorei por ter chegado a hora enfim

Eu acabei nos seus braços
Eu me acabei pela falta
Que eu sentia dos seus abraços

Então por que apenas
Se fosse algo normal?
Não me satisfaz, faltam as cenas


A paixão de quem não ama
Confessa quem não gosta
Viver nesse estado amargo
De risos falsos e dos acasos

Não ouça o que eu sinto
Apesar de todo acontecido
Nem na mentira eu minto
Por gostar de te ver amar

E viver uma vida meio morta
Garoa que cai no fim da tarde
Beijando os lábios de uma amiga
Usando uma aliança linda e torta
Procurar a paz que não vem jamais.
Por mais que eu tentasse, amasse

domingo, janeiro 24, 2010

Ser ou não ser vegetariano? Eis a questão.

Antes de qualquer coisa, assista esse vídeo:

Glass Walls

O filme acima se chama Glass Walls, e se refere ao fato de que se os abatedouros mostrassem o que se passa dentro de um deles, ninguém mais comeria carne. Ninguém é um exagero, porque com certeza esses "seres humanos" que trabalham dentro desses lugares serão carnívoros.

Depois de assistir um filme assim é difícil continuar a sentir prazer ao comer um pedaço de carne. Acredito que realmente muita gente se torna vegetariano após pesquisar um pouco sobre como funciona a indústria da carne. Eu mesmo me tornei vegetariano por alguns anos após ficar chocado com a crueldade que os animais são tratados, e ver o sofrimento, o desespero e a resignação nos olhos dos bichos. Não dá, é muito triste e é mais triste não tomar nenhuma atitude.

Algumas (várias) pessoas se recusam à assistir esses vídeos, porque não conseguiriam mais comer tranquilamente carne e se lembrar de como um boi sofreu e gritou em desespero para que vc tenha o seu bife no prato.

Alguns fatos que quero levantar e questionar agora são:

1) Os homens sempre se alimentaram de carne -> verdade, nossos ancestrais sempre tiveram a carne de caça como um dos principais pratos. De forma alguma podemos comparar a caça com a maneira que tratam os animais nos abatedouros. Também é possível questionar se a dieta utilizada há milhares de anos atrás ainda precisa ser repetida até hoje. Será que realmente precisamos de carne??

2) A questão da proteína -> ao contrário do que dizem numerosos nutricionistas (alguns não passam de papagaios daquela antiga pirâmide alimentar), podemos encontrar proteínas em vários vegetais e grãos. Entretanto nem todos temos os aminoácidos adequados para obter proteína de vegetais.

3) O homem não foi criado para comer carne -> a constituição da arcada dentária de um ser humano ou animal revela muito sobre o tipo de alimento que o mesmo se alimenta. Alguns defendem que possuímos uma arcada dentária compatível com uma alimentação omnívora, ou seja, podemos comer frutas, vegetais, carne, cereais, etc. Mas não somos primariamente carnívoros, pois nossos dentes caninos possuem um recuo em relação aos principais carnívoros como lobos, cachorros, etc..

4) O vegetal também é um ser vivo -> sem dúvida. O ser humano em seu desenvolvimento atual não tem como viver sem alimentação. E para nos alimentarmos precisamos matar, seja um tomate, uma maçã ou um boi. Agora existem algumas diferenças entre esses grupos. Uma maçã não sairá gritando em desespero caso vc retire ela da macieira. A questão aqui é nível de consciência do ser que vai comer e do ser que será comido. Quanto maior a consciência do ser sobre sua identidade e presença como ser único, maior será a dor. Uma dor que é proveniente da percepção do próprio corpo, e consequentemente, resulta num esforço para salvar seu "avatar" aqui na Terra.

Com esses pontos, fica claro que temos que fazer nossas escolhas para obter a energia necessária para continuarmos vivos com nossos corpos nesse planeta. A maior fonte de energia por aqui perto ainda é o nosso Sol. Como não temos como sintetizar esse energia, como o fazem os vegetais, a escolha mais lógica seria comer vegetais. Se essa ingestão não for suficiente para suprir a energia, talvez tenhamos que nos utilizar do segundo processamento feito pelos animais, que em última instância se alimentam de vegetais. Podemos imaginar que o último ponto nessa cadeia de processamento de energia seria nos alimentar de seres humanos. É importante que fique claro que não há certo ou errado, e sim as necessidades de consumo de energia de cada ser, de acordo com o que seu organismo precisa.

Existem hoje vários seres humanos que não precisam mais se alimentar de animais que ainda o fazem por comodismo. Do outro lado estão os seres humanos que aparecem no documentário apresentado por Paul McCartney. Os primeiros são parte de uma humanidade que espera algo acontecer para evoluir, que somente darão o salto quando empurrados do precipício. Os últimos são a maior aberração do universo, que usam sua consciência para criarem comportamentos que nenhum animal conseguiu jamais conceber. Ou seja, não podem ser considerados nem animais, nem vegetais. São realmente a ausência de qualquer bondade ou amor, presentes nos mais simples animais ou vegetais.

sábado, dezembro 12, 2009

Não sou mais uma colegial...



Que frase enigmática! Por outro lado é uma frase descarada, aberta, ameaçadora e destruidora. Os rompimentos com a moral comum e cotidiana acontecem a todo momento, isso não é mais novidade. Agora será que é válido e realmente um avanço esse tipo de comportamento? Depois que li a Alma Imoral, de Nilton Bonder, não consigo ver mais as traições como algo traiçoeiro. Ainda assim concordo que o potencial destruidor, para o bem ou para o mal, é inerente a esse tipo de ruptura.

Mas afinal do que estamos falando??? A frase em questão envolve conceitos de intimidade, respeito, tato, conquista, sedução, dominação e controle, só para citar alguns exemplos. É algo realmente poderoso, e por isso mesmo me chamou a atenção. Lá estava uma mulher em uma conversa íntima com seu parceiro, quando surge a enigmática colocação.

Todo relacionamento saudável é baseado em respeito e um mínimo de confiança. Esses relacionamentos passam a ser íntimos quando o grau de troca entre as pessoas começa a envolver questões de ordem mais pessoal e de acesso restrito. É a tal da intimidade. Esse tipo de relacionamento envolve além do respeito e confiança, a intimidade. Voltando à nossa frase, percebemos que esse tipo de questionamento somente se dará em momentos íntimos, e em relacionamentos íntimos.

Como vimos anteriormente, os relacionamentos envolvem níveis graduais de troca. Eles começam superficiais - quando não conhecemos ainda como o outro é, o que pensa e como age - e evoluem, caso haja interesse mútuo, para níveis profundos. O grande susto acontece quando evoluímos para essa conversa profunda e o outro nos surpreende dizendo que o aprofundamento não está num ritmo adequado. No caso da frase, está lento demais. Talvez o oposto disso seria dizer que "Você está indo longe demais.". Se estamos num relacionamento saudável é normal que haja aumento do envolvimento de forma gradual. Quando a mulher em questão diz que não é mais uma colegial, diz que já passou por essa fase, e consequentemente, não precisa mais desses rituais de iniciação. Por uma lado temos uma falta de paciência com o outro, mas por outro lado é uma sincronização de passos.

A primeira impressão ao ouvir essa frase poderia ser boa. Ela diz que está pronta para ir mais rápido, e aumentar consideravelmente o grau de intimidade. Analisando um pouco mais o desejo por trás da frase, percebemos que o dizer também implica em perder parte do aprofundamento sutil entre o casal, além de sugerir um potencial de efemeridade no relacionamento. Quando as etapas são queimadas, a chance do desaparecimento do sentimento recíproco de apreciação mútua é muito maior.

Não podemos deixar de lado também o jogo pelo poder, controle e dominação, que quando executado pelas mulheres adquire uma certa crueldade exacerbada. Ao dizer que não é mais uma colegial, diz também ao seu parceiro que o mesmo está tratando ela como uma adolescente. Ou ainda que o parceiro se porta como um adolescente e a parceira é uma mulher adulta. Ocorre uma destruição imediata do poder masculino em prol da nova posição feminina de subjulgamento.

Essa frase tem um poder muito mais forte e abrangente do que podemos analisar inicialmente. É uma provocação que exige uma mudança de postura e atitude, que geralmente acaba na destruição do relacionamento pela queima de etapas de aproximação e muito provavelmente pela diferença de própositos que levaram ao encontro e aprofundamento da relação.

Na sociedade atual extremamente consumista e que procura satisfação imediata dos desejos, os relacionamentos que se constroem com o tempo são coisas do passado. Parece que isso é proporcional ao número de separações e términos de relacionamentos. Quanto mais rápido queremos chegar ao paraíso, mais rapidamente se dá a queda.

domingo, outubro 25, 2009

Mad Dog

Nova música chamada MadDog de minha autoria, que faz parte do CD "1,2,3,4".

Essa é a letra:

Running through the grounds
And across the skies
In someone's backpack
It comes down and crack all the wreck

On a highway to the seas
Head out in the cloud
Wind blowing in the mouth
Hair glowing, the sun shines

She can't look back on this track
No mirror to see what she left
Now she just doesn't care somehow
Cause the world became a mess

Run fast, it won't last


E essa é a tradução

Correndo através dos campos
E através dos céus
Na mochila de alguém
Ele vem e combate todos os destroços

Em uma auto-estrada para o mar
Cabeça para fora na nuvem
Vento que sopra na boca
Cabelo brilhante, o sol brilha

Ela não pode olhar para trás sobre nesta faixa
Nenhum espelho para ver o que ela deixou
Agora ela não se importa
Porque o mundo tornou-se uma confusão

Corra rápido, ele não vai durar

terça-feira, julho 07, 2009

Humanização nos games

Olá Milo, como foi o dia ontem?

Tudo bem, estou de férias agora, vou ter mais tempo pra ficar com você aqui!

Como foram as provas Milo? Você passou em todas as matéria?

Sim, passei! Obrigado por ter me ajudado naquele problema de matemática.

De nada Milo! Vamos jogar uma bolinha mais tarde?

Vamos, que tal agora mesmo?

Vamos então!

 

O diálogo acima vai se tornar realidade dentro de alguns meses ou anos. É o novo Tamagotchi, revolucionário, agora na versão XBOX 360. O nome da tecnologia é Project Natal. Parece que esse nome realmente é referência à capital do Rio Grande do Norte, uma homenagem à cidade feita por um brasileiro que trabalha na equipe de desenvolvimento. Esqueça de controles, sejam eles simples ou complexos de serem manuseados. A Microsoft pretende que os jogadores usem simplesmente os movimentos de seus próprios corpos para controlar objetos na cena, e melhor ainda, interagir com personagens através da fala e do reconhecimento de voz e imagens.

Um dos exemplos citados pela Microsoft na E3 (feira de games que acontece anualmente em Los Angeles) inclui o login automático no XBOX Live através do reconhecimento facial. Assim, basta ligar o console e aparecer na frente da TV para fazer login automático com seu usuário. E claro, controlar seu avatar :). Ainda falando sobre a interface NXe (New Xbox Experience), será possível movimentar os menus e navegar pela interface somente utilizando gestos manuais. Sempre me lembro do “I, Robot” e de outros filmes que previram essa tecnologia anos atrás.

Falando mais sobre aplicações em games, o exemplo mais clássico é a possibilidade de manusear a direção de um carro de corrida somente com os movimentos, imitando a vida real. Ou remar, pular, correr, lutar, enfim, escolha seu gênero preferido aqui e adicione algum movimento realizado no ar e pronto, você tem o game funcionando com o Project Natal.

A idéia de captura de movimentos não é nova. Ficou realmente popular com o Nintendo Wii e seus jogos simples e casuais voltados para à família e festas entre amigos. Jogar boliche ou tênis com um controle do Wii realmente é muito divertido. Os jogos que foram feitos para utilizar esse tipo de recurso, onde o jogador fica em pé, pula, realiza movimentos bruscos (como dar um soco em alguém do lado ehehhee), funciona bem. Agora existem jogos que não funcionam bem com captura de movimentos. E assim voltamos ao clássico exemplo do jogo de corrida de carros. Quem é que vai querer ficar com os braços “pendurados” no ar durante horas, imitando uma direção? Ninguém.

O grande problema é a falta de feedback do objeto com que ocorre a interação. Quando estamos em nossos carros, podemos segurar a direção, o câmbio, ajustar os espelhos. E cada um de nós SENTE a presença do objeto. Enquanto não pudermos ter esse tipo de sensação, incluindo textura, peso e forma, teremos que contar com a imaginação e com o desgaste de nossos pobres e atrofiados músculos. Exagerando um pouco, imaginem controlar esse aviãozinho através de movimentos corporais!!!

Fica muito difícil. Por aí percebemos que a Realidade Virtual está chegando aos lares, mas ainda em uma versão simplista e muito longe de ser realmente útil e usável. Talvez quando tivermos sensores nas mãos que simulam um objeto, será mais agradável ter essas experiências. Por enquanto o bom e velho controle, ou ainda, joystick, é a ferramenta mais recomendada para controlar personagens, carros, monstros, naves e qualquer outro ser/objeto com quem vamos interagir.

Ainda assim, as novas iniciativas que visam humanizar os games, estão funcionando em larga escala. O Nintendo Wii é o sucesso que todos sabemos, e a Microsoft com o Project Natal vai impulsionar ainda mais o mercado. Os programas mais interessantes serão os que usam bem o sistema de reconhecimento de voz e de imagens, como o que podemos conversar com Milo, o Tamagotchi da nova geração. Espero que ele não seja muito real, afinal, será que vamos ficar com peso na consciência se Milo for mal nas provas porque não o ajudamos na véspera?

segunda-feira, junho 15, 2009

Zen Brain Cover

A banda Nada Surf e especialmente o CD High/Low é um dos top 10 na minha lista. Tem alguns e raros CDs em que todas as músicas são excelentes, sem exceção. Você sabe quanto tempo falta ou quanto tempo já passou somente pela música que está tocando. Posso dar como exemplo o Jagged Little Pill da Alanis, o Usuário do Planet Hemp, Nevermid do Nirvana e o Sleeping with Ghosts do Placebo. Existe vários outros, com certeza...

Voltando ao cover, essa música se chama Zen Brain. Vale a pena conferir a letra:



~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
I'm going from strange to stranger
Every year
It's going from strange to stranger
Every year

I take it back
You're panicking
I take it back
I just don't know
I really thought I wanted to go
But when you're close
You look through me just like a ghost
I like sleeping
I'm only safe when I'm dreaming
I need a new heart
This one's hollow always scheming
You wait for summer
And then you wait for winter
But there's a total lack of splendor

Zen brain
Throw away your crushes
All your childhood crutches away
Super brain
Never scared of nothing
Violence or loving my way
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Como dizem os primeiros versos, a cada ano que passa as coisas ficam mais estranhas. Outro ponto culminate na música é citado na falta de esplendor na simples esperar pelas novas estações... O inverno vem, o verão chega, mas falta algo que não está totalmente em ressonância com esses eventos iluminados. Por último, a frase: "Violência ou amor a minha maneira". Ainda estão por inventar algo mais polarizado do que amor baseado no medo. E o mais legal é que a grande parte do mundo vive sob essa ilusão. A gente acaba amando uma projeção de nossa mente na outra pessoa. Ninguém realmente quer saber quem está do outro lado da conversa. É por isso que acaba se tornando um monólogo, sem espaço para o diálogo, e muito menos para o Silêncio.

Ouça o cover de Zen Brain para uma trilha sonora empolgante e intrigante :)